28 de outubro de 2009

North and South

Autor: Elizabeth Gaskell
Género: Romance
Editora: Penguin Popular Classics | Nº de páginas: 528
Nota: 5/5

Resumo (da capa): Mrs Gaskell’s finest social novel is also the powerfully moving story of the developing relationship between southern-born Margaret Hale and John Thornton, the young northern mill-owner.

Margaret is compelled to move from Helstone, her beloved childhood home in the New Forest, to Darkshire in the industrial north when her father resigns is parsonage owing to religious doubts.

When she first encounters John Thornton, her father’s pupil and a man in favour of the power of master over worker, she finds their views in conflict. But industrial rebellion and family tragedy cause Margaret to learn the realities of urban life and Thornton to learn humanity. Only then can a mutual understanding lead to the possibility of enduring love.


Opinião: Tomei conhecimento deste livro através da série da BBC, que vi há uns tempos e revi agora enquanto lia (e vou rever novamente este fim-de-semana, se tiver disponibilidade :D ) e adorei (o que penso é notório pelas vezes que revi…). Juntamente com Persuasão, é daqueles DVD’s que gosto de rever sempre que me sinto em baixo. Mas pegar no livro foi mais complicado. Já por duas ou três vezes que tinha adiado a sua leitura por não considerar ser a altura ideal, mas devido ao "18th and 19th Century Women Writers' Reading Challenge", em que vou muito atrasada, e ao meu empenho em ler as pilhas a que me proponho, decidi que era desta. Pelos vistos não me enganei e, felizmente, a Canochinha entrou também nesta aventura, fizemos uma mini leitura conjunta, que se revelou uma experiência espectacular. Já agora, encontram a opinião dela sobre este livro aqui.

O livro conta-nos a história de Margaret Hale que, devido a uma crise de consciência do pai, um ministro da Igreja Inglesa, se vê obrigada a mudar-se da bela e soalheira Helstone, em New Forest, para Milton, no sugestivo condado do Darkshire. Aquela é pois uma cidade muito industrializada, com fábricas de algodão a trabalhar de forma persistente, de tal maneira que o fumo oculta o sol. Aí conhece John Thornton, um dos patrões industriais da cidade, que se torna aluno de seu pai e com quem discute vários temas, nomeadamente o comércio e as questões sociais que ameaçam parar a cidade com uma greve total. Temos então um confronto de ideais e dois estilos de vida diferentes neste livro, a vida serena e campestre do sul em contraste com o ambiente urbano do norte, mais frenético e industrial, ambos representados nos protagonistas.

O que mais me impressionou neste livro foi a escrita da autora. É simplesmente delicioso a forma como a autora usa as palavras para nos descrever personagens, espaços, pensamentos, acções. Como tudo isto influencia a nossa visão das personagens, que vemos reflectidas no espaço que ocupam, nas acções que tomam, na maneira como falam. Desta forma elas ganham vida e passam a fazer parte da nossa, pois é impossível não deixar de sentir que conhecemos aquelas figuras como se fossem nossos amigos de há vários anos. É impossível não nos deixarmos comover com Mrs Thornton, a fria e áspera mãe de John, que no entanto demonstra ter um coração extraordinariamente grande no que toca ao seu filho. Para mim esta foi a personagem mais espectacular do livro. Mas as restantes são igualmente tocantes e é perceptível um crescimento em todas: Thornton e Higgins gradualmente, levando Margaret um pouco mais de tempo, mas é notório o seu crescimento na parte final do livro quando nos vemos numa situação algo semelhante ao início.

Pelos vistos há quem tenha achado o final um pouco apressado, mas na minha opinião foi perfeito. Mas estar a falar nele era talvez entrar em spoilers, mas digamos que a partir de uma certa parte, o próprio leitor parece sentir-se como Margaret e só pode ansiar que a história chegue a bom porto. O mau deste livro foi mesmo o facto de ter de ter um final, porque sinto que perdi amigos, pois gostaria de continuar a seguir a histórias daquelas personagens.

Um livro mais que recomendado, um verdadeiro clássico. É daqueles livros cuja última página deixa um buraco enorme e parece que nada mais, em termos literários é claro, o pode encher. São raros os livros que me deixam assim. Os Miseráveis, O Conde de Monte Cristo e Os Leões de Al-Rassan (é verdade!) foram os últimos. É daqueles livros que fica connosco. É um daqueles livros para reler vezes sem conta.

10 de outubro de 2009

O Império dos Pardais

Autor: João Paulo Oliveira e Costa
Género: Romance histórico
Editora: Círculo de Leitores | Nº de páginas: 516
Nota: 4/5

Resumo (da badana): Um romance histórico que tem como pano de fundo a afirmação do Império Português, o império dos pardais, durante o reinado de D. Manuel I e se centra em torno de cinco personagens principais que se movem dentro da lógica do mundo da espionagem. A personagem central é uma espia excepcional que pensa abandonar uma vida dedicada à violência e à satisfação de instintos primários, em que fora forçada a entrar, para recuperar uma vida social normal ao lado de um artista talentoso, apaixonado e ingénuo. A sua luta interior (contra hábitos sedimentados por quinze anos de isolamento, de rancor, de secretismo e de memórias perturbadoras) e o seu esforço para se libertar dos seus antigos mandantes percorrem toda a narrativa. A vida desta mulher cruza-se com a de dois supostos responsáveis pelos serviços secretos de D. Manuel I e amigos pessoais do rei. Ao acompanhar os encontros e desencontros, o leitor vive as cores, os aromas e os quotidianos de um tempo extraordinário em várias cidades e portos por onde vão passando e vivendo as personagens deste romance, que homenageia um povo e um rei.

Opinião: Devo começar por dizer que conheço o autor, já que foi meu professor de História Moderna e orientou um trabalho que tive de fazer para a cadeira de Génese da Expansão Portuguesa, além disso sei que está ligado ao Centro de História de Além-Mar (CHAM), também dava aulas relacionadas com Japão e é biógrafo de D. Manuel I, tendo escrito o livro sobre este que se insere na colecção “Reis de Portugal”, que coordena com Artur Teodoro de Matos (já li alguns e aconselho). Por isso não é de estranhar que esta história se desenrole em pleno reinado de D. Manuel I.

Seguimos três personagens (eu sei que a sinopse diz 5, mas na verdade eu julgo que apenas 3 são realmente importantes) que se encontram ao serviço de el-rei, espiando e trabalhando nas sombras para um maior esplendor de D. Manuel e do reino de Portugal, que é então comparado com pardais, metáfora explicada na frase inicial do livro:
O Rossio animava-se com o movimento das pessoas. Um bando de pombos esvoaçava incomodado por umas gaivotas atrevidas que haviam deixado a proximidade do Tejo para entrar nos seus domínios; pequenos pardais aproveitavam aquele alvoroço para debicar migalhas perdidas pelo chão, ocupando por sua conta uma das esquinas da praça e espalhando-se por algumas ruas laterais. Miguel observava aqueles pequenitos vivaços que evitavam os conflitos entre os maiores e que se fortaleciam enquanto os outros se desgastavam. Com um sorriso nos lábios pensava: «É assim que os pardais constroem seus impérios.»
E é isto que o autor nos mostra, a política de D. Manuel para a expansão marítima portuguesa, numa altura em que os reinos da Cristandade se envolviam em guerras no continente europeu, deixando a Portugal todo um mar por explorar e assim cimentar relações e influência, que permitiram que Portugal mantivesse os seus domínios ultramarinos mesmo depois de ingleses e holandeses se começarem a interessar pelas Índias Ocidentais e Orientais e ameaçarem a exclusividade portuguesa.

Temos portanto um retrato da política na época, tanto da política portuguesa, com os jogos de corte e inclusive como D. Manuel conseguiu ascender ao trono, como estrangeira, onde para além de aproveitar os tais conflitos, agentes portugueses tiveram de se empenhar em confundir e mesmo enganar e matar para manter em segredo algumas das terras descobertas e por explorar, como o Brasil.

Achei as personagens bastante interessantes e gostei de como o seu passado nos é apresentado, tornando-as bastante ricas. O retrato da vida na época, nomeadamente o retrato que o autor nos apresenta da cidade de Lisboa, é bastante colorido. Ri-me com diversas personagens e algumas passagens. Por exemplo, adorei o facto de um dos personagens ter um papagaio chamado Eusébio, que estava treinado para dizer “Benfica” e “mata o dragão”, assim como achei curioso o jogo da bola entre um grupo de Benfica e outro de Alvalade e do Lumiar. Gostei do diálogo entre Rui de Pina e Damião de Góis, nomeadamente do desabafo do primeiro no final do dito diálogo; e gostei também da perspicaz Beatriz, filha de um dos personagens principais, mas fiquei um pouco desiludida ao não saber o que o futuro lhe reservou, quando ficamos a conhecer o de seu irmão Rodrigo. No que toca à linguagem, tem alguns termos arcaicos, demorei um pouco a perceber a que se referia o ganda, mas penso que enriquece a obra já que também nos leva para a época em que decorre a acção.

Apesar de a história se centrar no reinado de D. Manuel, o final passa-se já nos últimos anos do reinado de D. João III e não deixei de achar curioso o facto de, já naquela época, considerarem que Portugal havia perdido o esplendor de outrora, sendo necessário um personagem dinamarquês para lembrar outros feitos, talvez não tão grandiosos, mas que mantiveram Portugal como uma peça importante no comércio europeu e para nos avisar de um perigo que viria a concretizar-se nos anos seguintes.

Sem dúvida um livro aconselhado a quem goste de romances históricos e sobretudo deste período.

4 de outubro de 2009

Anna Karenina (1997)

Informação técnica no IMDb.

Director: Bernard Rose
Escritores: Bernard Rose (adaptação), Leo Tolstoy (obra original)
Actores: Sophie Marceau, Sean Bean, Alfred Molina
Nota: 4/5

Finalmente consegui ver este filme! Digo finalmente porque já há muito que o queria ver e infelizmente ou não havia na biblioteca ou, ao fazer zapping, apanhava sempre o filme a meio, o que nunca é agradável. E diga-se que 10 anos a apanhar o filme a meio, é obra, parecia destinada a não conseguir vê-lo. Mas está visto e agora mal posso esperar para ler o livro, que imagino seja ainda melhor.

A história, que começa em 1880, é contada por Konstantin “Kostya” Levin, que fala dos seus problemas existenciais e da sua tentativa para descobrir o amor, busca partilhada por Anna Karenina, casada com um rico aristocrata mais velho que ela, e cuja vida é dedicada ao seu filho. Ao chegar a Moscovo, esta conhece o Conde Vronsky, que até aí tinha as suas atenções viradas para a princesa “Kitty” Shcherbatsky, também alvo do coração de Levin e que o havia rejeitado por causa de Vronsky, e a vida de ambos muda radicalmente.

O filme mostra então a coragem de uma mulher que, por amor, se desgraça perante a sociedade e chega mesmo a abandonar a sua família. No entanto, a sua vida idílica junto do homem que ama também não dura para sempre, e o remorso de ter deixado o seu filho para trás assim como os ciúmes em relação a Vronsky, levam Anna ao vício de opiáceos e a um final trágico. Por outro lado, Levin encontra resposta para as suas questões e felicidade junto de quem ama.

Gostei bastante do filme, nomeadamente da interpretação de Alfred Molina. Já o mesmo não posso dizer de Sophie Marceau, a quem parecia faltar algo, nomeadamente parece faltar chama no relacionamento com Sean Bean, que não deixa de cumprir bem o seu papel ( :D ). A banda sonora é belíssima, ou não tivesse música de Tchaikovsky, assim como as roupas e, sobretudo, os palácios. São realmente lindíssimos.

Um filme bom e que deixa antever o que o livro nos pode oferecer.

Filme visto no âmbito do Period Drama Challenge do Lights, Camera... History! inserido no tema Victorian Mist.

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