22 de janeiro de 2014

Quando não estou a ler (12)

Ora bem vindos a mais um olhar para trás nesta rubrica, mais propriamente a este "episódio", para dar conta dos desenvolvimentos. :) Não que tenham algum interesse mas deixai-me, às vezes gosto de falar para as paredes.

Já tive então oportunidade de dizer que, desde há um ano, trabalho numa biblioteca. Sim, quando não estou a ler ando a mexer em livros. Dream job, certo?! Nem por isso. Cheguei à biblioteca numa altura pouco habitual, em processo de reestruturação, e os primeiros meses, e mesmo alguns dos seguintes, foram passados a montar e desmontar estantes, a carregar e a descarregar livros. Sim, perdi 5 kilos com este exercício físico (YAY!) e mexer em livros é sempre um divertimento para mim, mas cheguei a ficar saturada de livros. Se tinha dúvidas quanto à necessidade de e-books e e-readers, perdi-as completamente ao ter de mover quilos de livros escadas acima e escadas abaixo, de um lado da prateleira para o outro, de uma estante para a próxima... E a arrumação? Porque não podem ser todos do mesmo tamanho, mesmo dentro da própria série?! Já para nem falar na alfabetização dos títulos, pois houve alturas em que já não sabia se o "P" vinha depois ou antes do "M". Cheguei a usar uma cábula, pelo amor de Deus! *hangs head in shame*

Mas finalmente veio a parte que, sinceramente, é a mais gira para mim... a catalogação! *\o/* A sério, dêem-me um monte de livros e é ver-me catalogar com gosto. Preencher todos aqueles campos, ler um pouco do livro para perceber quais os assuntos mais relevantes e pelos quais podem ser pesquisados. Já me vieram parar às mãos coisas interessantes, que conto ler quando tiver disponibilidade ou até necessidade, e algumas surpresas. Já me passaram vários tipos de documentos pelas mãos com os mais diversos modos de catalogação, tal como periódicos ou formatos digitais. Passei a dar ainda mais valor a apresentações e a índices. Nunca vos falei do meu fascínio por índices? Pois agora é muito maior. :D

No entanto, nem tudo são rosas, pois agora o que me dá cabo da paciência, mas sobretudo da cabeça, é mesmo as línguas e os alfabetos que não o latino. 

Começando pelas línguas, as de raiz latina ainda vá: o espanhol/castelhano não é mau, assim como o catalão e o galego, já o basco é mais complicado mas geralmente os livros que me têm chegado também têm indicações em castelhano; o francês até que nem é mau, pensei que soubesse menos apesar dos 5 anos de estudo dos quais talvez só se aproveitem 2 ou 3; o italiano também se entende bem. O inglês é praticamente a minha segunda língua, até posso dar erros a escrever e meter dó a falar mas percebo o que estou a ler como se estivesse a ler em português. Por incrível que pareça começo a perceber um pouco (muito pouco mesmo mas bem mais do que percebia há um ano atrás, o que não é muito difícil dado que não percebia nada) de alemão, pelo menos já reconheço palavras e começo a tirar algum sentido de uma frase ou outra, pelo que tento primeiro ler antes de ir ao tradutor do Google. Agora o alfabeto cirílico e as línguas de países de leste é que me tramam. Assim como o hebraico e o árabe. Sim, já apanhei livros em línguas muito diferentes e com alfabetos completamente diferentes. Ok, até é giro, mas passado alguns livros, um número considerável de livros no mesmo dia, é demasiado para a minha cabeça.

O tradutor do Google tem sido fundamental para, pelo menos, entender o tema fundamental do livro e, apesar das várias falhas inerentes a uma ferramenta informática, adoro-o. A internet tem sido outra ferramenta fantástica, sobretudo para temas sobre os quais pouco ou nada sei (palinologia? pedologia?), para saber onde ficam alguns locais que são o foco de alguns títulos e às vezes para completar mesmo a informação bibliográfica.

Apesar de por vezes sair ao fim do dia com a cabeça num nó, de odiar livros e todo o conceito de linguagem, é engraçado ver como passei a adorar ainda mais tudo isso. :D É giro ver como já sei onde estão alguns livros e quais podem interessar ao utilizador, consoante o tema que pesquise. Ainda não tenho, nem me parece que venha a ter, toda a biblioteca na cabeça como a minha colega (a sério, toda a minha admiração vai para ela) mas não deixa de ser giro saber o que está por detrás da concepção temática, perceber o porquê de algumas escolhas e onde se vai buscar informação.

Há toda uma ciência por detrás do livro, por detrás da gestão e armazenamento da informação que não fazia ideia, e descobrir esse mundo tem os seus momentos menos bons é verdade, sobretudo quando uma pessoa anda mais cansada, mas no computo geral sinto que estou no meu meio. :)

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